domingo, 26 de abril de 2015

Domingo

Não me encaixo. Afirmo isso não como um pesar, mas como um fato. Não é que isso seja percebido da noite para o dia. Na verdade, instintivamente levo isso comigo a muito tempo.
Essa constatação é um tapa na minha cara. E vem acompanhado pelas perguntas: O que estou fazendo aqui nesse mundo? O que estou fazendo da minha vida?... Questões existenciais que vem e vão.
Hoje é um dia qualquer, um domingo. Fiquei sozinha em casa e as coisas ocorreram com muita naturalidade. Me imaginar enrolando uma camisa surrada em volta do meu pescoço e sufocar até não sentir mais nada. Depois estava pulando de uma passarela e me arrebentando entre os carros e o asfalto. Espere, foi só um pensamento também.
Quero algo indolor, rápido, sem sangue, nem drama. Pensei em escrever um bilhete. Seria mais ou menos assim: "Não é culpa de ninguém. Só estou cansada disso tudo. Obrigada por me aturarem durante todo esse tempo. Não sofram por minha causa. Agora estou livre. Adeus."
No desenrolar da história as pessoas me encontrariam na cama, inerte, fria, com o bilhete na mão. Eu seria notícia no jornal? Acho que não, pois estava claro que se tratava de algo planejado por mim mesma.
As pessoas ficariam chocadas, chorariam por um tempo, se culpariam pelo acontecido e depois me tratariam como um fantasma em suas vidas. A notícia se espalharia seguida por silêncios, pois a morte é digna de muitas reflexões e pesares.
O céu estava nublado, a rua silenciosa. Eu bebia um leite quente e admirava aquele clima de algo promissor. De repente o chão começou a molhar. Gota a gota foram formadas poças e o conjunto da tela parecia uma obra-prima. O chão-tela refletindo o céu cinza-óleo. Uma cena digna de um filme ao som da chuva misturada com a profundidade da música clássica.
Começo então a equiparar um livro, um filme e uma vida. É possível dizer com certeza o que é real e o que é ficção? Um livro didático e um de ficção são diferentes? É possível dizer com certeza o que é real?! Volto a esta pergunta com a sensação de que não é possível distinguir. O que minha mente é capaz de criar é tão real para mim quanto o leite que acabei te tomar e quanto a chuva que molhou o chão. Todos têm ao mesmo tempo um caráter de real e de irreal.
Nem ao menos posso afirmar que estou viva. E se houver uma realidade paralela que há um ser igual a mim porém com características opostas? Ela seria determinada, extrovertida, confiante e sonharia comigo todas as noites. Então eu ganharia vida apenas dentro dos sonhos dela.
Deve ser difícil para alguém não ter certezas. É difícil para mim. Deve ser por isso que as pessoas se apegam a qualquer coisa. Criam convicções, dogmas, teorias. Tudo isso para ter uma certa segurança do que é real e fazer previsões para o futuro.
Mas o que as pessoas afirmam e negam como realidade para mim têm o mesmo valor. Imagino onde poderia me encaixar nesse mundo sem sentido, cheio de regras e obrigações. Tudo isso tem uma certa sombra, tudo isso me lembra o céu nublado dessa tarde.
Essa é a hora em que nos filmes algo mágico acontece e tudo passa a fazer sentido. Mas não deve ser tão fácil assim porque não acho que esteja em um filme. Não é muito provável que apareça uma chaleira falante, um príncipe rico ou uma fada madrinha. Também não ficaria muito surpresa se isso acontecesse.
O que quero dizer é que tudo isso ganhou vida nessa tarde simplesmente eu por ter originado esses pensamentos. Gostaria de dizer que morri hoje, de alguma forma, porque pensei nisso e também continuo viva, aparentemente, eu minha (ir)realidade paralela.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Become insane

Here I am. I'm talking to myself about angels and monsters. I really think we are both. The angel tries to light the other side, but the monster goes out sometimes. The monster is in sadness, in angry, in gluttony and in anxiety. And when he appears the selfdestruction system starts. It sucks. It's Carnival. I'm at home on monday and I'm feeling bad things. I'm bored, I'm sad and I'm feeling crazy. Sometimes I want to desappear, to die or whatever... I don't want to feel this anymore.

sábado, 31 de janeiro de 2015

Não sei se estou mais lúcida ou mais louca. Sei apenas que a cada dia que passa estou mais endividada. #fato